Poema para um poeta branco.
Amigo poeta:
Dia destes, lendo seus garranchos
Enevoados de vinho e noite,
Reparei um troço, por sinal
Mui elegante:
Adoras o sol!
É, adoras sim, e por sinal
(e no entanto, não faz mal)
És branco, quiçá mais até
Do que o próprio sal!
Gostas do sol, mas é branco
Como a lua que te faz tão mal!
Como pode?
Qual será o mistério?
Serão as tais jurisprudências da vida
Que te faz ficarem horas e mais horas
(certo estás que por muito tempo não pretendes)
Nos corredores do Fórum João Mendes?
Ou aquele encanto distante que temos
(e pretendemos)
Manter justamente com aquilo
Que nos faz comer as nossas almas e mentes?
Se te afastas por muito tempo,
A inspiração necessária se esvai pelos dedos
Que automaticamente se tornam dormentes
De tanto desatino que dá a distância por si
Só.
Se te aproximas, corre o risco de ter o tédio
A te comer pelas bordas, pelo meio
E por tudo o mais que, desde os gregos,
Temos o bom hábito de chamar de
Vida.
Que fazes, afinal, pálido amigo:
Decifra-te ou te devoras?
Amigo poeta:
Dia destes, lendo seus garranchos
Enevoados de vinho e noite,
Reparei um troço, por sinal
Mui elegante:
Adoras o sol!
É, adoras sim, e por sinal
(e no entanto, não faz mal)
És branco, quiçá mais até
Do que o próprio sal!
Gostas do sol, mas é branco
Como a lua que te faz tão mal!
Como pode?
Qual será o mistério?
Serão as tais jurisprudências da vida
Que te faz ficarem horas e mais horas
(certo estás que por muito tempo não pretendes)
Nos corredores do Fórum João Mendes?
Ou aquele encanto distante que temos
(e pretendemos)
Manter justamente com aquilo
Que nos faz comer as nossas almas e mentes?
Se te afastas por muito tempo,
A inspiração necessária se esvai pelos dedos
Que automaticamente se tornam dormentes
De tanto desatino que dá a distância por si
Só.
Se te aproximas, corre o risco de ter o tédio
A te comer pelas bordas, pelo meio
E por tudo o mais que, desde os gregos,
Temos o bom hábito de chamar de
Vida.
Que fazes, afinal, pálido amigo:
Decifra-te ou te devoras?
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