segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lixo.

(Poema besta para alegrar (?!) esta tarde de segunda. Abraços...)
Lixo.

Dedos no teclado
Para escrever um poema da alma,
Dos dias cinzas e das nuvens
Claras que andam me aparecendo.
Toca a campainha.
Eu, concentrado e irritado,
Fumando como um desvairado,
Abro: é um lixeiro.
Não um lixeiro qualquer, mas
O responsável por apanhar com os dedos todos
Os restos e sobras que passaram pela minha vida.
Quiçá, até mais que a própria poesia.
- Caixinha de natal!
Sorri, ele sorriu, e
Saquei dois reais do meu bolso,
Mais duas aristocráticas cigarrilhas de regalo
Para ele.
Tem mais: disse-lhe que fumasse
Apreciando cada tragada, ainda que correndo,
Pedindo caixinhas e pegando os lixos alheios.
Agradeceu-me sorrindo, com seus dentes
Tortos.
Dei-me conta de que a poesia
Está tanto na alma quanto no lixo.

2 comentários:

Caco Pontes disse...

E o camarada Marcelino Freire certa vez citou algo do tipo: que é impossível dizer que o porteiro do prédio não é literatura...
É isso aí, saravah!

Franco disse...

Dá-lhe Pontes!!