(Poema do meu amigo Tato que tenho o prazer de postar aqui.)
Desatino da Verbenácea
O homem?
O homem é sapo.
No papo grosso em seu lago.
É processo tosco, de uma metamorfose louca
que é surpresa.
O sapo-homem não sabe
é pato tapado de seu ser
é esperança morta daquilo que crê.
Mas pato parado é comida;
o coaxar do sapo morto,
é arroto após o almoço,
no prato do homem em família.
O pato de costas é pluma;
como espuma sob linha da banhada menina
um Monte Fuji.
A menina quando vista
alinha a espinha à espera
do que não lhe é surpresa.
Surdo, o Monte Fuji grita...
E é o mesmo o olhar ao Fuji
de quem parado assisti e
não desisti.
A fim de uma paz servida,
habita em cima do Monte
com um monte de parasitas;
mas aplica no sono
o sonho da moradia.
O homem?
O homem é gado.
É manso rebanho
que pasta e parta
depois berra pro bezerro
o erro
à trazer pro seu filho o medo.
O gado-homem tem patas
quadras que galopam entre terras
fazem guerras
não dividem pedras.
E no fim, na morte
adubam chão, como quem faz pazes.
É ganso sem descanso
garganta grande
pra agüentar o entalo
perna remo para logo fugir
do tenro.
O homem?
não é cão, é osso
latido de moço
que encontra na saliva, vida
na carência canina,
medo da morte viva.
Dando os trâmites por findos
o homem ainda compraz por um felino
crivo gato penacho
que em pulos
chega ao asco do mia-mia
do dia-dia.
O homem?
O homem é sapo
É frouxo processo em larva que se lava
num brejo louco
que é surpresa a todos os outros.
Renato Rodrigues (Tato)
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário