quinta-feira, 19 de junho de 2008

Desatino da Verbenácea.

(Poema do meu amigo Tato que tenho o prazer de postar aqui.)

Desatino da Verbenácea



O homem?
O homem é sapo.
No papo grosso em seu lago.
É processo tosco, de uma metamorfose louca
que é surpresa.


O sapo-homem não sabe
é pato tapado de seu ser
é esperança morta daquilo que crê.

Mas pato parado é comida;
o coaxar do sapo morto,
é arroto após o almoço,
no prato do homem em família.

O pato de costas é pluma;
como espuma sob linha da banhada menina
um Monte Fuji.

A menina quando vista
alinha a espinha à espera
do que não lhe é surpresa.

Surdo, o Monte Fuji grita...
E é o mesmo o olhar ao Fuji
de quem parado assisti e
não desisti.


A fim de uma paz servida,
habita em cima do Monte
com um monte de parasitas;
mas aplica no sono
o sonho da moradia.

O homem?
O homem é gado.
É manso rebanho
que pasta e parta
depois berra pro bezerro
o erro
à trazer pro seu filho o medo.

O gado-homem tem patas
quadras que galopam entre terras
fazem guerras
não dividem pedras.
E no fim, na morte
adubam chão, como quem faz pazes.

É ganso sem descanso
garganta grande
pra agüentar o entalo
perna remo para logo fugir
do tenro.

O homem?
não é cão, é osso
latido de moço
que encontra na saliva, vida
na carência canina,
medo da morte viva.

Dando os trâmites por findos
o homem ainda compraz por um felino
crivo gato penacho
que em pulos
chega ao asco do mia-mia
do dia-dia.


O homem?
O homem é sapo

É frouxo processo em larva que se lava
num brejo louco
que é surpresa a todos os outros.





Renato Rodrigues (Tato)

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